domingo, 13 de dezembro de 2020

o valor além do gesto...

 

Não sei abrir uma bandeja de queijo prato sem pegar a primeira fatia e enrolar, fazendo um tubinho, só para levar para ela.
É um segredo afetuoso só nosso. Um pertencimento, um carinho.


domingo, 5 de julho de 2020

cheiro de mãe...

- Mamãe, uma coisa que eu amo em você é que mesmo sendo adulta o seu cheiro ainda é de bebê...

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

15 anos...

Você ali na sala, experimentando o vestido cor de hortênsia e calçando as sapatilhas prateadas, me fez lembrar daqueles momentos na vida que são capazes de tornar tudo ao redor sagrado. Horas em que o sofá, o tapete, a poltrona e os livros perdem a força da presença, são só molduras.
Você é o encanto. É o centro, é o mistério. É o amor.
Me preencho da sua imagem até esgotar o fôlego. Tão linda.
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E fico torcendo em segredo para que você seja exatamente o que deseja ser.
Sei que o tempo é movediço, que os instantes são fugazes, mas desejo que sempre reconheça as eternidades.
Que sua alma permaneça íntegra, transbordante e incauta.
E que você saiba que, de vez em quando, a gente se sente pequena, mesmo que todos os outros nos enxerguem grande.
Depois passa. E a gente volta a ter a medida do nosso coração.
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Rezo para que desvie de abismos, para que tenha muitos amigos, para que nunca se canse de ver o céu, para que se derreta em abraços, em beijos e em ternuras. Rezo para que sua infância sempre te habite, para que se sinta muito amada e para que saiba contar as suas bençãos, assim como fazemos hoje.
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Encho o peito de alegria porque sei que serão seus, para sempre, o mar castanho de Itanhaém, os esquilos de Campos, o azul de VilleFranche, as empanadas de cebola e queijo, o meu bolinho de arroz, a mini xícara na qual o Vovô te dava café quando você tinha pouco mais de 1 ano, o "gulira", o cangote da Bibi na música “meu Deus me ajuda a segurar essa cruz”, a história de Lilly Brown, o beijo no sapo, "be brave", a gente afastando os móveis do escritório para dançar Loka, loka, loka, o dia que resolveu ir sozinha para a escola, aos 4 anos, o piano com o Randy, o bom dia dado pela janela do carro aos pedestres no caminho da escola, o torta de goiaba na esquina da casa da Bisa, os passeios no buggy do vovô, as geleias de amora feitas com a Vovó, o marshmallow na fogueira do terraço, a piscina nas noites de verão, a primeira vez que você andou sozinha de elevador para ir na casa da Lulú, o seu guarda-chuva com orelhas, os castelos iluminados de Lego, as mágicas com o Helder, o dia que você me deu Júpiter, a bota de borracha de pisar nas poças da chuva, o esmalte amarelo, costurar na máquina de costura da vovó, as mamadeiras temperadas com canela e mel, o transito da rua Sócrates, a vontade desesperada de fazer xixi, o Chico Buarque, a Ana Carolina, o Frank Sinatra e o Elvis Presley, nossas conversas intermináveis antes de dormir, nossas promessas de amor e nossos tantos mistérios e segredos.
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Sou sua desde antes de existir e você é minha muito antes de saber.
Que Deus te guarde e te ilumine, meu amor, porque nada pode ser mais bonito do que essa sorte que tivemos na vida.
Te amo.
Feliz aniversário.

Solange Maia

terça-feira, 23 de julho de 2019

Semana passada...

Semana passada lemos esse blog por horas a fio.
Intercalamos lágrimas e conversas sobre cada postagem que fiz aqui.
Sei lá se é porque você está crescendo, mas senti que fiz a coisa certa...
Vamos voltar aqui muitas outras vezes, tenho certeza. Sempre diferentes.
Embora sempre as mesmas.
Te amo mais que o infinito, filha.
É, você cresceu...

sem coragem de fechar a porta da infância...

A calça estampada, cintura baixa, um pouco mais curta do que deveria ser. A blusa justinha também um pouco mais curta do que deveria ser. Não havia nenhuma pretensão na escolha das roupas, ia comer bolo com a Avó. O casaco de gola peluda e a boina branca com uma imensa flor na lateral davam a ela um ar de ventania. Ontem mesmo era uma menina.
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Agora, deslumbrante, sem saber que é. E isso a faz ainda mais bonita.
Sem os vincos do tempo, sem os cansaços ou quaisquer histórias desenhadas sem legitimidade.
Não sabe ainda o que são renúncias. Tudo nela é de verdade.
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Conversamos sobre todas as coisas. Não que antes não o fizéssemos, mas agora é diferente.
Ela olha em meus olhos, segura na minha mão e começa a falar. Ouço atenta, interessada.
Tem impressões sólidas sobre assuntos diversos. Me escuta também, curiosa, interessada, acolhedora. E sem saber me ensina tanta coisa. Agradeço em silêncio, porque tenho mesmo muito a aprender.
Ela me educa para o amor.
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Sigo desejando a você coragem para viver mesmo sem saber o que será o amanhã. E que, ainda assim, viva com gosto, intensamente, apreciando cada pequeno milagre que a vida oferece. Desejo que continue encantada, com ou sem asas, sendo você, sempre. Que queira morar em Washington, mesmo que seja em outro lugar. Que seja procuradora pública, mesmo que fora dos tribunais. Que tenha dúvida sobre a temperatura do corpo humano, mas que sempre experimente o toque, porque afeto e ternura são suas maiores qualidades. Que saiba que a Bisa gosta que desabotoem os seus sapatos, mas que é ela que os quer descalçar. Siga observadora e atenta, as delicadezas moram nos gestos mais minúsculos, você já sabe. Que tenha personalidade, forte, vertical, sabemos que mais vale um mergulho fundo, intenso e particular, parecido com a vida, do que movimentos apáticos e amedrontados. Que você se apaixone: por pessoas, por causas, bichos, obras de arte, cheiros, lugares, memórias... E que lembre para sempre que um dia falou “Gulira” quando viu um macaco grandão, e que esta foi a última palavra da infância que falou errada, a última a ser corrigida porque sua mãe não tinha coragem de fechar a porta da infância, e que isto a faça rir, leve e divertida, porque são essas as riquezas que quero te ensinar.
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Desconfio que já seja uma mulher.
Mas, em meus braços, será sempre Bebela. Sempre minha menina.
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Solange Maia

segunda-feira, 25 de março de 2019

poeminhas... os primeiros!

Foi assim, sem que eu pudesse me preparar.
Ela surgiu na sala e disse:
- Mamãe, vou ler o que escrevi.


PERFUME

Aquele perfume que ela usara todo dia para sair foi deixado de lado.
Hoje se tornou só mais um a ocupar sua penteadeira.
Seu brilho agora virou poeira,
e seu cheiro, que a relembrava dele, hoje tem cheiro de tristeza.
Isabela Maia


PORTA

Essa porta que hoje representa um novo caminho para sua vida, está fechada.
Abri-la não é o problema e sim o que ela traz:
mudanças que não são escolhidas e acontecimentos inevitáveis.
De um lado há só uma porta.
Do outro, um mistério.
Isabela Maia

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

oraçãozinha para Bebela...




Talvez nada tivesse acontecido se eu não tivesse visto aquelas fotografias.
Talvez eu continuasse amortecida pelo excesso de horas gastas. E pelo cansaço.
Talvez meu sorriso permanecesse escasso e minha alma fatigada.
Talvez eu continuasse encontrando desculpas. Ou inventando todas elas.
Mas eu vi.
E vi nossos sorrisos fartos, ouvi o eco das conversas que tivemos, senti na pele o calor daquelas terras.
Lembrei de todos os afetos que meu olhar constrói para que depois eu os habite.
Lembrei que em todo espaço pode haver lar. Ou poderia.
Sabemos que “casa” é o nosso continente mais íntimo. Onde acolhemos a vida.
É por isso que te ensinei a manter as fronteiras abertas: para hospedar o amor.
Fizemos abrigo por onde passamos.
Ainda fazemos.
É por isso que peço a Deus que guarde nossas alegrias na palma da mão.
E que interceda por nós.
Amém.

Solange Maia

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

coisas de Bebela...

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- Mamãe, sabe quem é o meu "crush" de Hollywood?
- Como assim, filha?
- Com quem eu me casaria fácil?
- Ãhhhh?? Com quem?
- Com o Robert De Niro!
- Ah, tá.

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

delicadeza...


Lembro quando estávamos sentadas à mesa, prontas para almoçar, há alguns anos, e ela olhou demoradamente para o prato azul à sua frente.
- Mamãe, espera um pouco – disse saindo da mesa com o prato nas mãos - não começa a comer ainda!
E, claro, esperei.
Em três segundinhos ela estava de volta, afoita e feliz. Havia trocado o prato azul por um verde.
Curiosa com a cena, perguntei:
- Por que você trocou o prato azul pelo verde, meu amor?
E ela, segura como sempre, respondeu:
- Ué, porque assim o prato combina com a minha meia e com a minha calcinha.

Hoje, no Dia das Crianças, desejo que esta delicadeza more em você para sempre, minha Bebela, e que a vida seja este lugar cheio de alegrias esperando para serem descobertas. Te amo infinitamente, minha criança...

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

imenso silêncio...

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Quando a filha fala:
- Pode deixar que eu vou estudar, mamãe!
E o que segue é um imenso silêncio...